sábado, 8 de outubro de 2016

Homenagem a Pedro Sertanejo realizada em 2016 em grupo no Facebook


A história de Pedro Sertanejo teve início em Euclides da Cunha, quando aprendeu com seu pai, Mestre Aureliano, os primeiros acordes da sanfona. 
Saiu em 1946 para São Paulo e em 1996 fez último show na sua terra natal, vindo falecer seis meses depois, deixando um legado à história do forró! 
O cara nasceu em Euclides da Cunha; Levou o forró pé de serra para São Paulo; Criou uma gravadora; Lançou Dominguinhos; Abriu a maior casa de forró do Brasil; Deu espaço a Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro; Gravou mais de quinhentas músicas; foi radialista em São Paulo por mais de 20 anos; Era afinador de sanfona; Foi o pai de Oswaldinho do Acordeom, e pouca gente do Cumbe sabe, pois bem:

Em Abril de 2016 criei um grupo no Facebook para homenagear Pedro Sertanejo, um euclidense esquecido por seus conterrâneos mais novos e não elencado no rol das personalidades artísticas escolhidas pela mídia nacional.
Conhecer e preservar na memória as raízes culturais para fomentar uma reflexão em prol de manter viva na memória as próprias origens, é o objetivo deste intento! 
Assim, incomodado com esta situação escrevi um texto em cordel e passei a postar imagens, músicas, informações e depoimentos de modo a divulgar sua obra e importância. 
Tal iniciativa desembocou numa homenagem linda no palco do Arraiá do Cumbe, festa junina tradicional da cidade de Euclides da Cunha, sua terra natal. 
O evento contou com a presença de Oswaldinho do Acordeom, seu filho, e do Trio Sabiá, no qual seu irmão Tio Joca é o sanfoneiro. A prefeita entregou nas mão de Oswaldinho um sanfona entalhada em Umburana, árvore típica da caatinga e abundante na região. Foi pintado um painel de 2,20 x 1,60 em grafitti pelo artista Euri de Juazeiro, exposto no Arraiá e encontra-se atualmente na Casa da Cultura da cidade. Foram confeccionados 6 painéis de 2,00 x 0,80 com foto e fragmentos da história de Pedro Sertanejo, que também encontram-se expostos na Casa.

Um dos objetos representativos da homenagem à Pedro Sertanejo foi pintado em grafitti pelo artista Euri Mania de Juazeiro. O painel medindo 2,20 x 1,60 foi pintado na Casa da Cultura e ficou no arraiá do Cumbe 2016, durante o evento


A Prefeita Fátima entregou à família Almeida e Silva, representada por Oswaldinho do Acordeon, um objeto representativo dessa homenagem à Pedro Sertanejo, por tudo que ele fez pelo forró e por colocar o nome da nossa Euclides da Cunha na história da tradição nordestina. A Sanfona em umburana foi esculpida pelo artesão de Uauá, Lourivaldo (fiinha) sob encomenda para este momento único!



"Contra as profecias que enterravam o ritmo, homens fazem justiça com o próprio acordeom" (Neumane Pinto) e Pedro Sertanejo com seu fole de 8 baixos conseguiu perpetuar o ritmo nordestino que tomou conta do país, mas pouco se fala na sua importância por estas terras inundadas pelos modismos e "artes" midiáticas novas.

Pedro Sertanejo nasceu em Euclides da Cunha em 26 de abril de 1927 e foi um músico brasileiro, o pioneiro do forró em São Paulo, vindo falecer em 03 de janeiro de 1997. 

Era sanfoneiro, compositor, radialista e fundador do primeiro selo independente, a Gravadora Cantagalo, fundada em 1964. Em 1966 abriu o seu salão de forró, situado na Rua Catumbi no bairro do Belenzinho e lá foi o ponto de encontro dos sertanejos e nordestinos em São Paulo. O primeiro disco de Dominguinhos foi gravado por incentivo de Pedro Sertanejo! Pai de Oswaldinho do Acordeom, deixou mais de 50 discos gravados com o que há de melhor no forró-pé-de-serra!




Leo Rugero afirmou que “Lembrar de Pedro Sertanejo é rememorar a própria história dos forrós enquanto espaços de sociabilidade e divertimento do nordestino emigrado. O “Forró do Pedro” e a gravadora (Cantagalo)“Tropicana” são dois baluartes representativos da dedicação de Pedro Sertanejo na rede social do forró entre as décadas de 1960 e 1980.
Porém, paralelo a isso, não devemos esquecer de sua contribuição significativa ao percurso da sanfona de oito baixos. Filho de Aureliano e pai de Oswaldinho do Acordeom, Pedro Sertanejo está no núcleo dos ‘clãs musicais’ que identificam as linhas mestras da sanfona de oito baixos na região Nordeste. Com o êxito de “Roseira do Norte”, um aceleradíssimo xote, em parceria com Zé Gonzaga, consolidou sua reputação de sanfoneiro em meados da década de 1950.



Jurema Mascarenhas Paes, historiadora, defendeu seu doutorado em história com o tema "SÃO PAULO EM NOITE DE FESTA: Experiências culturais dos migrantes nordestinos (1940-1990)", pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 2009, e no bojo das suas elucubrações Pedro Sertanejo é figura central e estudada. 


Jurema Mascarenhas Paes, também cantora e compositora baiana, dessa pesquisa escreveu artigo sobre a cidade de São Paulo em confluência com a emersão da casa de forró de Pedro Sertanejo (1966), uma das primeiras casas de forró da cidade. No seu texto tratou a casa de forró de Pedro Sertanejo enfocando aspectos de cotidiano de trabalho e sociabilidade, suas práticas e estratégias de luta, suas trocas de saberes e poderes. 
Trata-se de um texto de história social que permeia um pedaço da história da música dos migrantes nordestinos na cidade de São Paulo por meio de programas de rádio, história oral e análise de letras de músicas. O espaço de sociabilidade casa de forró, no enfoque de Jurema Paes é entendido como processo mestiço de ressignificação da vida para os migrantes em adaptação ao novo ambiente urbano e ao cotidiano de trabalho. O artigo está publicado nos "Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011" e disponível aqui: 

http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300918036_ARQUIVO_TextooforrodePedroSertanejo.pdf


O Forró pé-de-serra é o único estilo brasileiro que não se rendeu a modismos e nem perdeu sua essência! Pedro Sertanejo foi o iniciador da cultura do forró em São Paulo e sem ele o forró não teria prosperado. sua obra é um registro histórico do Forró como acontecia no sertão na décadas de 50 a 80! O fole de 8 baixos era a sua marca registrada e o forró pé de serra sua arte!
Livro: "O fole roncou: uma história do forró", dos jornalistas paraibanos Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues (Zahar, 467 páginas). Por incrível que pareça, esta é a primeiro “biografia” do coletivo de ritmos nordestinos que Gonzagão e parceiros sistematizaram em meados dos anos 40. O livro enfatiza e destaca os lendários forrós dos anos 60 e 70 no Rio e em São Paulo. O mais famoso e importante, sem dúvidas, o de Pedro Sertanejo, que acabou levando a que o forrozeiro criasse uma gravadora a Cantagalo: “Outros forrós foram surgindo. Só o empresário José de Barros Lima, conhecido como Zé Lagoa, tinha três: o Asa Branca, com filiais em Pinheiros e Santo Amaro, e o Viola de Ouro no Ipiranga. O radialista Paulista Zé Bettio abriu o Bailão do Zé também no Catumbi. O baiano Pedro Sertanejo também foi de importância seminal para o forró. Muita gente, inclusive Dominguinhos, começaram na sua gravadora a Cantagalo (cujos estúdios funcionava nos fundos de sua casa de forró. O livro aborda tambem as histórias de Jackson do Pandeiro, Ary Lobo, Zito Borborema, Anastácia, os sanfoneiros Zé Calixto, Geraldo Correa, Trio Nordestino, Três do Nordeste, Trio Mossoró, Coroné Ludugero. Com algumas exceções estes nomes mal figuram nas enciclopédias de música popular brasileira.

Sobre "a sanfona de 8 baixos e o forró pé-de-serra!" em matéria importante na internet Leonardo Rugero Peres, o Leo Rugero, elucida:


Entre os primeiros a assumir a profissão de “sanfoneiro”, Pedro Sertanejo trabalhou por toda a vida não só como sanfoneiro mas também como afinador de sanfonas.
Filho de Mestre Aureliano, lendário sanfoneiro da Bahia, e pai de Osvaldinho do Acordeon, indubitavelmente Pedro Sertanejo é apontado por músicos e historiadores como um pioneiro na divulgação desta modalidade da música nordestina no Sudeste. Fundou a primeira casa de forró de São Paulo, o “Forró do Pedro Sertanejo”. Mais tarde, em 1964, criou o selo Cantagalo, especializado em música nordestina.
Em seu repertório, arrasta-pés, polcas, rancheiras, mazurcas, baiões, xotes e chôros, entre outros gêneros, sempre tocados com o sotaque típico dos forros de pé-de-serra, pois o forró antes de tornar-se um gênero musical definido era uma designação para o baile popular nordestino, como bem exemplifica Oswaldinho do Acordeon:
"O Forró é mais rápido que o Baião, semelhança só no compasso 2/4 na pauta musical. O que conhecemos como Forró tem influência do baião, xote, xaxado, do maracatu, do samba de roda, do arrasta - pé e da ciranda. Meu pai popularizou os gêneros musicais nordestinos intitulando como sendo Forró por ser uma palavra fácil de falar e que identificava o encontro de nordestinos nos bailes populares. Quem divulgou o Baião foi Gonzaga, Forró foi Jackson do Pandeiro e o Forró Pé – de Serra foi Pedro Sertanejo. O Baião é lento, forró suingado e o Pé – de – serra ou arrasta – pé acelerado". Disponível em http://ensaios.musicodobrasil.com.br/leorugero-asanfonadeoi…


Para finalizar este início, em resumo é preciso dizer que Pedro Sertanejo iniciou sua história musical em Euclides da Cunha, ajudando o Pai, Aureliano, que era afinador de sanfona!  
Em São Paulo trabalhou como técnico afinador de instrumentos como Acordeon e Piano. Depois trabalhou na Rádio Clube do Brasil, depois na Rádio Clube de Mauá, sempre tocando forró. Foi para São Paulo divulgar o seu disco e na Rádio ABC de Santo André ao fazer o programa de rádio para divulgar o disco e logo recebeu 3 horas de horário aos domingos, onde ficou 16 anos. A música Roseira do Norte seu primeiro sucesso foi composta por ele mas generosamente incluiu como parceiro Zé Gonzaga seu amigo! Roseira do Norte na época era um grande sucesso comercial e foi gravada por outros sanfoneiros. 
Pedro Sertanejo Trabalhou 5 anos na TV Tupy em programas de auditório, sempre divulgando o forró. Gravou mais de 55 LP's, incluindo a sua gravadora Cantagalo, o primeiro selo independente do país, gravou na Copacabana durante 5 anos, na Todamérica mais 5 anos, depois na Continental e até recusou a oferta da Chantecler. 
Em 66 abriu uma casa de forró em São Paulo, na vila carioca, sem dinheiro e apenas com a coragem! Por incentivo de Luiz Gonzaga, seu compadre, e do irmão Constantino, Pedro Sertanejo abre em São Paulo o palco que disseminou no sudeste a cultura do nordeste: o Forró de Pedro Sertanejo, a casa de eventos que recebia tanto artistas quanto nordestinos que moravam em São Paulo e penavam de saudade da sua terra! 
A Casa logo lotou e o espaço que era grande ficou pequeno, pois todos os sertanejos que sabiam da notícia logo corriam para ver e curtir a saudade da sua terra. Depois Mudou a Casa pra rua Catumbi, pois os donos do prédio resolveram despejar Pedro, ao notarem que o forro era lucrativo. Não deu certo para eles pois o povo só queria o forró de Pedro Sertanejo. 
Pedro Sertanejo não se intimidou com a Bossa Nova que tomou conta do país no início dos anos 60, muito menos da Jovem Guarda logo depois, outro fenômeno arrasador que deixou o forró sem muito espaço. Nessa época Luiz Gonzaga consegue pequeno retorno à mídia, após o apresentador e produtor Carlos Imperial espalhar o boato de que os Beatles haviam gravado a canção Asa Branca. Pedro Sertanejo continuou no seu propósito, fiel às suas origens. Ao criar a Gravadora Cantagalo e a Casa de Forró Pedro Sertanejo, torna-se o maior divulgador do forró pé-de-serra, pois sua gente tomava conta de São Paulo e a saudade da sua terra só se matava com forró!
Na Casa de Forro Pedro Sertanejo passou grandes nomes da música nordestina e a sua gravadora, Cantagalo, deu oportunidade a muitos sertanejos como Dominguinhos, Ary Lobo, Anastácia, Jackson do Pandeiro, entre outros. Pedro Sertanejo é Pai do internacional Oswaldinho do Acordeon e Irmão do Tio Joca do Trio Sabiá, grandes nomes do forró brasileiro. Pedro Sertanejo no cinema: Em 1981 participou no filme "O homem que virou suco", filme que trata sobre a vida do nordestino em São Paulo! A participação é pequena, mas dá pra ver o que era sua Casa de Forró!
Sem essa trajetória de Pedro Sertanejo o forró pé-de-serra que representa nosso nordeste não teria encontrado fôlego e não estaria vivo até hoje, É por essa história desconhecida pelos euclidenses que Pedro Sertanejo merece ser lembrado como o Rei do Forró! 

Para entender Pedro Sertanejo basta ouvir entre as suas mais de 500 composições o forró "Rato molhado" e notar a grandiosidade deste artista brasileiro. http://www.forroemvinil.com/texto-pedro-de-almeida-e-silva…/ para quem quiser conhecer mais sobre Pedro Sertanejo, deixo este link do texto de Abílio Neto, publicado no site forroemvinil.com.

Em, 26 de abril de 2016, completaria 89 anos de vida PEDRO SERTANEJO! No ano em que completou 69 anos fez sua última apresentação em Euclides da Cunha, em 1996, e em 03 de janeiro de 1997 encerra sua carreira neste mundo! Em 26 de Abril de 2016 completaria 90 anos de idade, espero que haja alguma mobilização em prol da sua memória.

Inamar Santos Coelho, 08 de outubro de 2016.

Um comentário: