domingo, 25 de junho de 2017

Alienigenização de quem é nativo na própria Cultura!

O forró é complexo na sua simplicidade!
Uma sanfona, um triângulo e uma zabumba bastam para o ritmo empolgante que faz nosso sangue se agitar.
Hoje precisam de teclados, guitarras, baterias, sopros, cordas, e corais para fazer uma espécie de música disforme da qual não sabemos se é brega, se é pop, se sertanejo, se é samba-choro-canção, etc.
Enquanto isso a tradição é apagada em nome de ritmos impostos pela "inteligência" do mercado e da mídia, bem como de interesses outros.
Os sanfoneiros e seus trios de forró de raiz, nestas festas modernas, são condenados à espaços "alternativos", num processo de alienigenização de quem é nativo na própria Cultura.
Os "conjuntos" que se arvoram ao "forró" surgem como representantes de um ecletismo non sense que alimenta uma necessidade ditada pelo que a mídia escolheu e impõe como o produto Cultural representativo da tradição nordestina.
De tanto tocar no Rádio, de ter visibilidade na TV, de ter acessibilidade nos CDs piratas e agora disponibilidade em mp3, achamos que isso é que nos completa.
As letras são as mesmas: um amor não correspondido, regado à traição que desemboca em separação e vingança, isso é tudo no enredo. Na música o mesmo ritmo batido sem evolução, padronizado, com refrão previsível; a voz sempre rasgada, melancólica, ressentida, padronizada como todo o resto.
O mestre Dominguinhos mostrou as nuances da cultura nordestina do forró em seus diversos ritmos, sem prescindir de outros instrumentos que não a sanfona, o triangulo e a zabumba, com vaga pra rabeca, quando em vez.
(Inamar Coelho)

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